sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Você me lê?


Palavras minhas e de outros que me tocam são jogadas aqui. Quem as lê? Vejo comentários de amigos e de desconhecidos que entraram por acaso ou curiosidade. Gosto de todos. Queria ver essa gente, tocar, ouvir. Gosto das palavras. Sofro com as palavras. Vivo com as minhas palavras. Durmo com as palavras dos outros. Há palavras que se repetem: umas cansam, outras encantam. Existem ainda fervilhando em mim as que nunca mais li ou ouvi, aquelas que migraram do coração para a eternidade das nanocaixinhas onde guardamos os instantes. Mas as palavras são chapadas. Elas me divertem até o ponto em que eu tento pegá-las e não posso. Faço, então, um beiço infantil e fico sonhando com os cubos de madeira de A a Z.
E lá vem a Clarice. "O que te escrevo não tem começo: é uma continuação. Das palavras deste canto que é meu e teu, evola-se um halo que transcende as frases, você sente? Minha experiência vem de que eu já consegui pintar o halo das coisas. O halo é mais importante que as coisas e as palavras. O halo é vertiginoso. Finco a palavra no vazio descampado: é uma palavra como fino bloco monolítico que projeta sombra. E é trombeta que anuncia."

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