quinta-feira, 29 de maio de 2008

Cântico dos Cânticos (Salomão)

"Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho."

quarta-feira, 28 de maio de 2008

O que vejo na parede vazia à minha frente

A pedido de um visitante do blog, vou fazer esse exercício.

Para enxergar a parede vazia, tenho que me abstrair do computador, bem mais próximo que a parede. Sim, agora não há nada, só a tinta verdinha. (Sou interrompida pelo gol do Fluminense de empate em 2 a 2 e desconcentro. Volto a tentar)
Crio uma porta nessa parede e, sem entrar nem sair, ali está o meu sonho, com nome e rosto. Às vezes, fica maior que a porta e paralisa o vento. Não há mais parede, mas uma passagem interrompida. Atenta aos meus batimentos cardíacos por estar tão próxima ao sonho, percebo que há ritmo e calma, mas não estou segura de que seja de todo paz. Neste momento, tenho a certeza de não querer que nada se perca ao redor, então, não me movo, contemplo quieta. Ele, o sonho, continua ali, pertinho, brincando de girar na porta como uma catraca, criança.
Nunca haverá vazio na minha parede nem em nada que eu olhe e tampouco na minha vida, visitante, porque carrego meu sonho comigo e o projeto no mundo. Somos irmãos irmanados, eu e ele, e sinto que nunca estarei só. Um alívio, afinal, isso de não temer a solidão.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Grande Sertão: Veredas

"Que o que gasta, vai gastando o diabo de dentro da gente, aos pouquinhos, é o razováel sofrer. E a alegria de amor - compadre meu Quelemém diz."

segunda-feira, 26 de maio de 2008

e agora só me restam
os poetas gregos.
O silêncio diz - esquece.
E o espinho da rosa enterrado no peito
é meu.
Os deuses não assistiram a isto.

(Maria Alexandre Dáskalos - Angola)

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Sayonara

Já há meses terminei Sayonara, Gangsters, do Genichiro Takahashi. Fiquei meio elétrica quando li. Comprei o livro por acaso, acho que pelo "sayonara", por ser a palavra japonesa para despedida - e eu ando mesmo em um longo período de adeus. O livro é tudo: belo, poético, intrigante, esquisito, viajante, febril. As expressões e referências dele são saudade para mim.
"Dói dói e tenho medo medo medo".
Tenho medo. Mas, estranhamente, tenho paz nesta minha prisão de pavor. Uma tranqüilidade inquieta, é verdade. Não me jogo, por isso não caio, e assim flano paralisada na linearidade de uma vida que desconhece a espera em seu mais amplo sentido. Não é o que eu sou, mas no que me transformei temporariamente sem minhas emoções de casa dos espelhos. Conformada, sigo, só em uma direção: a do tempo. Em uma direção, só, conformada, sigo. Vou rápido para me iludir com os movimentos de fora acenando para minhas sensações congeladas. Sayonara.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Roubei, lalalalaiá

"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida." (CL)

terça-feira, 20 de maio de 2008

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Na praia

Você deve ter percebido. Foram alguns segundos de hesitação, o tempo de entender por que alguém que não agradece nem a e-mails de felicitação estava ali me chamando pelo nome completo num domingo ensolarado na praia. "Você caminhou até ele devagar, titubeante, como alguém indo ao encontro de uma dor inevitável", descreveu a amiga que me acompanhava. Segundos antes de ouvir sua voz, eu ria muito. Tinha visto o homem que vende CD em cima de uma bicicleta passar tocando uma música – creio que autoral, sim, respondendo à sua indagação de ontem – que diz "você me deu um pé-na-bunda e eu fui parar na ‘encruza’ de onde um dia te tirei" e me preparava performaticamente para contar à amiga a história das orações que trazem o amor de volta. Tudo parou ali. Quase tudo. Paradoxalmente, o coração acelerou e a cabeça explodiu. O que eu havia imaginado sobre um possível encontro ao acaso não era nem de longe aquela realidade suspensa.
Cheguei a você. Beijos no rosto. Na verdade, beijos no ar. As bocas também estavam desconfiadas e atentas. Você procurou quebrar o gelo meio sem jeito: "Estava pensando em você na praia. Você... nós... aqui...". Pensando em mim? Ah, sim, me lembrei da penúltima lição: as pessoas podem dizer qualquer coisa, mesmo que não seja verdade, pois vivemos cercados de mitômanos, e que se dane o sentimento do receptor. Minha resposta veio embalada em constrangimento: "Estou indo ao Arpoador. Costumo fazer de bicicleta, mas hoje vim a pé". E a conversa foi rolando evasiva. Filhos, trabalho, sua hérnia cervical. Só sei dos assuntos porque minha amiga percebeu meu estado auto-induzido de DDA e anotou tudo de cabeça para me contar depois. Ali, naquele momento, eu só olhava para seu rosto, tentando despir seus olhos claros dos óculos escuros, acessório que também me defendia de você.
Suas mãos chamaram a atenção. Elas se escondiam. Você não queria que algo fosse visto. Aliança? Tremores? As mãos brincavam ora atrás da cabeça ora atrás do corpo e ajudavam a me distrair. A amiga ofereceu água a nós dois, mas recusamos. "Vocês precisavam", comentou ela depois, elogiando minha educação e cordialidade em meio à tanta emoção – estou falando de mim, não sei o que você sentiu, pode ter sido até indiferença.
Não dissemos adeus. Só avisei que continuaria a caminhar rumo ao Arpoador, já que despedidas nunca nos caíram bem, sempre vieram seguidas de lágrimas, da minha parte, e dúvidas, de ambos. Por isso - não lhe contei por falta de disposição -, eu me esforcei para entender e engolir o choro quando peguei na minha portaria um envelope contendo R$ 80 e uma singela mensagem de "boa sorte". Ficou meio esfumaçada a história dos R$ 80, porque sempre o tive como educado o suficiente para não devolver um presente. Mas essa foi a última lição: não confie jamais na percepção dos apaixonados. O "boa sorte" botei na conta do sucesso que fazia na época a música da Vanessa da Mata com o bacaninha do Ben Harper.
Voltando à praia, confesso que desabei dez passos após deixá-lo próximo à Rua Henrique Dumont, assim que a adrenalina desconcentrou-se no meu sangue. Chorei um pouco, mas eu sempre choro mesmo. Desistimos do Arpoador por falta de areia. No Posto 9, joguei meu corpo no chão e pensei em palavras de consolo que lembravam as ondas ali: deixar vir e deixar ir, deixar vir e deixar ir...

quarta-feira, 14 de maio de 2008

A nuvem não é cigana nem passageira

Só rezo. E me entorpeço.
Pai, fica bom logo.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Esta é a única melancia aqui

Para os bonitões que resolvem entrar no meu blog depois de ver a Mulher Melancia depiladona lá no blog do Urubu: aqui não há nada sobre ela! O taradão é o meu amigo querido, ok? Aqui é papo meio mulherzinha. Coisa poesia (lá também tem), coisa coração (lá também), diário, homenagens e coisa e tal. Mas não tem FOTO DE MULHER PELADA, NÃO.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Meu Deus, por que não há sono pra mim?

Rezo para o Cristo iluminado que eu vejo da janela me ninar. Preciso fechar os olhos um pouco e não consigo. Fiz três horas e meia de ginástica e só sinto os músculos chiando. Não há cansaço que me leve para a cama. Pelo amor dos santos, paz e bem para mim. Paz e bem para todos os próximos. E mais ainda para os distantes, que eu não posso abraçar quando quero ou quando eles sentem alguma dor de repente.

Agora a tadução

A lua no espelho da cômoda
está a mil milhas, ou mais
(e se olha, talvez com orgulho,
porém não sorri jamais),
muito além do sono, eu diria,
ou então só dorme de dia.

Se o Mundo a abandonasse,
ela o mandava pro inferno,
e num lago ou num espelho
faria seu lar eterno.
- Envolve em gaze e joga
tudo que te faz sofrer

no poço desse mundo inverso
onde o esquerdo é que é o direito,
onde as sombras são os corpos,
e à noite ninguém se deita,
e o céu é raso como o oceano
é profundo, e tu me amas.

(Paulo Henriques Britto)

Insomnia

The moon in the bureau mirror
looks out a million miles
(and perhaps with pride, at herself,
but she never, never smiles)
far and away beyond sleep, or
perhaps she's a daytime sleeper.

By the Universe deserted,
she'd tell it to go to hell,
and she'd find a body of water,
or a mirror, on which to dwell.
So wrap up care in a cobweb
and drop it down the well

into that world inverted
where left is always right,
where the shadows are really the body,
where we stay awake all night,
where the heavens are shallow as the sea
is now deep, and you love me.

(Elizabeth Bishop)

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Hoje: Ordinary World (Duran Duran)



Where is my friend when I need you most?
Gone away

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Eu sempre te amarei...


...onde estiver, estarei com meu Mengão...