quarta-feira, 28 de maio de 2008

O que vejo na parede vazia à minha frente

A pedido de um visitante do blog, vou fazer esse exercício.

Para enxergar a parede vazia, tenho que me abstrair do computador, bem mais próximo que a parede. Sim, agora não há nada, só a tinta verdinha. (Sou interrompida pelo gol do Fluminense de empate em 2 a 2 e desconcentro. Volto a tentar)
Crio uma porta nessa parede e, sem entrar nem sair, ali está o meu sonho, com nome e rosto. Às vezes, fica maior que a porta e paralisa o vento. Não há mais parede, mas uma passagem interrompida. Atenta aos meus batimentos cardíacos por estar tão próxima ao sonho, percebo que há ritmo e calma, mas não estou segura de que seja de todo paz. Neste momento, tenho a certeza de não querer que nada se perca ao redor, então, não me movo, contemplo quieta. Ele, o sonho, continua ali, pertinho, brincando de girar na porta como uma catraca, criança.
Nunca haverá vazio na minha parede nem em nada que eu olhe e tampouco na minha vida, visitante, porque carrego meu sonho comigo e o projeto no mundo. Somos irmãos irmanados, eu e ele, e sinto que nunca estarei só. Um alívio, afinal, isso de não temer a solidão.

Um comentário:

Patrícia Evans disse...

Oh Yes by Charles Bukowski

there are worse things than
being alone
but it often takes decades
to realize this
and most often
when you do
it's too late
and there's nothing worse
than
too late.