segunda-feira, 14 de abril de 2008

Fragmentos de texto de Alcione Araújo

O AMOR COMEÇA
O amor acaba, afirmou, reiterou e repisou, meu amigo e vizinho Paulinho Mendes Campos em crônica célebre. A perplexa constatação parece surpreender o cronista. Mais do que isso, parece consterná-lo. Até Vinícius de Moraes, profissional da paixão, conforma-se a que o amor acaba. Sonha apenas que seja infinito enquanto dure. O amor acaba como a noite sufoca o dia, como o despertar afugenta o sonho, como o ar aspira a fumaça do cigarro. Mas, se o amor tem crepúsculo, tem também a manhã dos inícios. O amor começa. Num instante que pode ter se perdido no tempo, ou num recanto empoeirado da memória. (...)
Às vezes, uma pessoa arrepia-se de emoção ao se aproximar de outra. E pensa que o amor começou. Há que ficar atento. Pode não ser. Ela descobriu que precisa e quer a companhia da outra. Mas não significa que o amor começou. Outras vezes, o amor acontece em uma pessoa, mas não na outra. Não há culpa em não corresponder a um amor. Mas rejeitar amor dói. (...)
Imagine você: alguém está diante do amor, do amor definitivo, absoluto, imorredouro. Mas a pessoa não o reconhece, não o percebe, não o intui. Como o faria, se nunca o sentiu, nunca o viu... Eis a ironia: o que mais se busca é o que menos se conhece. Nunca se saberá se encontrou. Será mesmo este? Não será o seguinte? Ou o anterior?

4 comentários:

Anônimo disse...

Sou fã dos escritos de Alcione Araújo. E esta crônica dele está entre minhas preferidas. Meu abraço.

Katiabizinotto@grupontape.com.br disse...

A sabedoria mora na simplicidade! Também sou sua fã Alcione. Meu Grupo já montou 2 dos seus textos e estamos em busca de outro para duas atrizes. Você tem um?

katia disse...

desculpe... achei que era o blog dele...rs... mas só de ler a crônica já valeu!

katia disse...

desculpe... achei que era o blog dele...rs... mas só de ler a crônica já valeu!