domingo, 6 de abril de 2008

'Dingão' - para o Zé e o Uchoa

Pegou em casa a tequila ouro que o amante miserável trouxe da viagem e levou para a mesa do bar, onde amigos a esperavam. Era dia de porre anunciado. Na mesa, cinco que entornavam cervejas e cachaça olharam para ela com admiração quando a garrafa foi posta com proposital barulho brindando à revelia os copos. Vambora beber. Quietinho e só sorrisos, um habitué das farras e calçadas da Farani olhou para o grupo. Interessante, pensou ela na terceira virada da tequila, que não resistiu nem dez minutos aos sugadores de álcool. Vaquinha rápida, reclamações de preço, corrida ao posto no início da Pinheiro Machado e tudo resolvido. Outra garrafa na mesa. Hmmmmm... Ele tá afim. Não tira os olhos, ela reparava. O quase fim da segunda tequila a fez lembrar que havia uma festa para ir. Traçou uma reta na sua cabeça já entalada nos efeitos "sombreros" da bebida, rumou ao piteuzinho e cobriu os lábios dele com o gosto do México. Nenhuma palavra foi dita. Atônito, ele sorvia as gotas da boca da louca. Tenho uma festa para ir no Humaitá. Vai comigo, gostoso. Bebidinha de graça. Ele, o amigo dele e a namorada do amigo toparam ao mesmo tempo. Chegaram à festa quando o torpor da tequila dava adeus a ela, deixando em seu lugar um mal-estar horrível, uma sensação de cabeça presa num imenso pião e pernas para o ar. Ai, vou vomitar. Não, aqui, não, maior mico. Viu que seus convidados estavam bem e saiu à francesa. Disse o endereço de casa entredentes, largada no banco de trás do táxi, antes de o manto da amnésia cobri-la até a ligação de um amigo no dia seguinte: Pô, maneira sua ação social e emocional com o cara. Nenhum problema de ele e os amigos comerem lá e dormirem na cama do dono da casa. Mas poderiam ser mendigos menos fedorentos.

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