sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Olá, como vai? Eu vou indo e você, tudo bem?

- Tudo bom? E a família? Olha, não precisa me tratar com tanta cerimônia. Não somos estranhos, muito pelo contrário. Por favor... Tivemos discussões, arroubos, tristezas, mas faz parte de relações intensas, nem precisa de desculpas. Passou. Volta e meia me falam de você. O coração ainda dispara, mas é aquilo que já conversamos, tem que voar livre. Outro dia vi você na rua, bermuda quadriculada e a indefectível mochila à frente do corpo. Sorri e senti uma saudade de dizer: "E aí, rapá, tudo em riba?" E de dar um abraço e de rir com suas palavras estranhas. E tenho minhas histórias para contar também. Tenho certeza de que vai gargalhar. O Ximenes já me chama de "minha musa". Ai... Bom, tomara que esse gelo não demore muito a derreter. Somos pessoas de perdão e volta por cima.
- Oi. Não teria motivo de raiva, tristeza, nada, em relação a você para ter cerimônias. Você é das pessoas mais extraordinárias que conheci, gosto de sua família, aprendi sempre contigo, tudo. Nunca vou maldizer um milímetro pois seria leviano. Só falo bem com meus interlocutores quando o assunto é você. Não poderia ser de outra forma. Ocorre que tudo na vida tem um ciclo e esse ciclo tem seu tempo e esse tempo tem que ser respeitado. Não sou eu nem você que ditamos. É Deus, depende de nossas emoções, impulsos, o que sentimos. Esse ciclo acabou. Nos conhecíamos muito bem até onde nos relacionávamos. Hoje não nos relacionamos mais. Ponto final. Não sou seu amigo. Não há "liga", a não ser o que tínhamos - que era muito pessoal -, e já não temos mais. Toco a minha vida. Os processos levam tempo, e temos que seguir. Só isso. Mas não é desdém, raiva, desejo de algo ruim. Só não tenho que trocar, não é ainda hora pra mim. Espero que respeite isso. Tudo de bom...
- Claro que na vida há um ciclo e é claro que podemos mudar esse ciclo. E é claro que podemos criar ligas, novas ligas. E é criando ligas que um dia poderemos nos sorrir e dizer: como foi bom termos nos conhecido, pois Deus não nos fez encontrar nesta vida por acaso. Você segue sua vida, outras pessoas, outros interesses, não quero saber dela. Mas não posso deixar de insistir que há muito a trocar sempre. Com todos. Você realmente não é meu amigo. Ainda. Começamos uma relação de paixão e isso é difícil. E foi apaixonadamente que terminamos. Paixão tem um quê de patologia. Sofremos ambos. Mas poderemos ser amigos. O meu processo não é tão rápido, nem o seu, parece. Mas você não me abraçaria se um dia me encontrasse na rua? Você não me faria um cafuné se me visse chorando? Você acha que eu não te daria a mão se você precisasse? Que não choraria com suas mazelas? Isso acaba? Carinho acaba? Temos ou teremos amores novos, pois a vida continua. O que foi nosso sempre será. Você não é ponto final, mas reticências. Veja como terminou sua resposta anterior. Nada termina, mas muda. Esse ensinamento é seu e foi absorvido por mim. Agora, se prefere não falar, mudar de calçada quando me encontrar ou nunca mais me olhar nos olhos, tristemente tenho que aceitar. Eu, se o encontrasse agora, pularia no seu pescoço, daria um beijo na sua bochecha e diria: valeu a pena.

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