terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Assim continuaram...

Levantou-se com certa dificuldade e, com as mãos trêmulas, abriu a gaveta da cômoda, ajeitando os achados que havia posto dentro da carteira sob um suéter de lã. Distraído, olhou no espelho, deparando-se com aquele vulto imberbe que se assemelhava a ele.

Aprontou-se com a presteza de sempre e desta vez trocou o nó Windsor da gravata por um cruzado. A camisa branca, combinando com as paredes, foi logo coberta pelo paletó escuro. Sentou-se outra vez à beira da cama para uma oração a Nossa Senhora das Estradas, e abriu a esmo a coletânea de Jose Asunción Silva, que, a seu ver, era parte da liturgia diária.

Desceu as escadas seguindo o rastro deixado pela ultima fornada de arepas, que seriam devoradas pelos filhos. Pensava em Gaitan, no Bogotazo, e como as coisas tinham melhorado; e também piorado. Estava doido para passar as férias em San Gil novamente. Sua mulher, Sara, arquétipo de uma tela de Botero, estava sentada com três das criancas à esquerda da cabeceira, derretendo queijo no chocolate quente. Não tinha muito tempo, era hora de ir ao Supremo, pensar nas sinecuras.

(Continuem!!!! Mandem história nos comentários...)

Nenhum comentário: