domingo, 20 de setembro de 2009

ONISCIÊNCIA

Começas a criar asas e me deixar. Deixo-te me deixar. Não me esforço mais para prender tuas palavras comigo. Sim, isso é amor. Deves voar. Talvez nem te lembres mais de mim, a não ser das palavras indignadas, quando deverias salvar-me, como tantas vezes corri para salvar-te. Não cobro, apenas idealizo. Como idealizei mãos nossas se entrelaçando. Não eram as minhas, mas outras tocando teu corpo. Soube. Sempre sei. Chorei. Não digo que passou, mas meus beijos já foram de outro sem culpa. Nem foi tão difícil assim como eu supunha, já que tu respiras em outro pescoço poemas enamorados de Drummond em um livreco chinfrim ao lado da cama.Desperdício. Ela não conhece Louise Bogan, certamente. Ela não falará a ti de fé, não terá atitudes de Maggie Estep. Mas tu terás a paz que querias, a ausência de questionamentos. Sinto-me feliz por ti, mas confesso que não te desejo feliz por ora. Não sou hipócrita. Talvez em outro dia. Em outro amanhã. Não guardes raiva. Somos humanos, pois não? Jesus maldisse os vendilhões, secou a figueira sem razão. Também eu tenho ira. Também tu falas o que não deves. Magoas como eu magoo. Mas temos a tendência de olharmos apenas para as nossas feridas.
Use tuas asas da meditação agora.
Distancia-te do mundo e de ti.
Sinta todas as tristezas enlouquecedoras.
E tenha piedade de todos nós.

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