sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Caldos na infância

O assunto era família na troca de e-mails. Na verdade, as mensagens falavam de pêlos e fios de lã que deixamos ou dos arranhões que guardamos quando passamos debaixo dos arames farpados das relações com nossos genitores. Lembrei-me do meu pai, carinhoso, porém adepto do "tem que crescer, tem que se virar".
Eu tinha 6 anos quando me mudei da Ilha para Copacabana. Na Ilha, entrávamos no mar tranqüilamente, pois não há ondas na Baía da Guanabara, exceto um dia ou outro no ano, quando a natureza faz umas marolas por lá.
Copacabana era forte para mim, sempre assustada. Pois meu pai entrou comigo e com o meu irmão no mar e de repente saiu fora e nos deixou lá. Fiquei meio desesperada olhando para ele na areia. Adhemar, dois anos mais velho, ao meu lado, batendo as perninhas para não se afogar, como eu. Então, decidimos que tínhamos que sair, porque meu pai não iria nos pegar, sabíamos.
Levei muito caldo, comi muita areia, mas aprendi a entrar no mar e sair.
Como um bicho que ensina as crias, meu pai mostrou o caminho e os perigos naquele dia e nunca mais repetiu a lição.

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